terça-feira, 12 de setembro de 2017

Coração...


Embalado por esta canção simples, contagiante e despretensiosamente profunda, à  priori, estou a devanear mais uma vez.
Antes começar, gostaria de registrar o quanto fico impressionado como este blog se tornou um lugar que detém memórias de momentos diversos e receptáculo de minhas abstrações, muitas das quais só consigo atribuir sentido algum tempo depois.

A metáfora do coração como centro de nossos sentimentos por vezes nos conduz à exigência de que ele funcione num sincronismo perfeito, de forma compassada, como se assim fosse teríamos mais êxito em nossas escolhas, nossos sentimentos seriam menos confusos e consequentemente nos veríamos em menos situações desgastantes, tristes ou coisa do tipo. Podemos passar toda a vida buscando e/ou esperando que essa mágica aconteça, não assumindo os riscos de deixar nosso coração pulsar verdadeiramente.

Se viver é arriscar, nada mais comum que esse sentimento pulsante, que expulsa todo comodismo e mornidão de nossas vidas. Demoramos a entender que o coração é a analogia da vida, pois é nesse movimento sistólico-diastólico que ela acontece: entre a intempérie e a bonança, os altos e baixos, alegrias e tristezas, escolhas e desistências, vamos construindo nossa história, “bombeando” sentido aos nossos atos, atitudes às nossas dúvidas e coragem aos nossos sentidos, renovando, por fim, esperança em nós mesmos.

“Coração não é tão simples quanto pensa.

Nele cabe o que não cabe na despensa, cabe o meu amor, cabem três vidas inteiras, cabe uma penteadeira...”

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