quinta-feira, 25 de abril de 2013

Cativar...

"...Após uma reflexão, acrescentou:

- Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços.

- Criar laços?
Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto
inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não
tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil
outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para
mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves
esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável
pela rosa..."
(O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint Exupery)

Com um trecho deste livro, que me "cativou", volto a devanear (se assim posso dizer), escrever sobre aquilo que me toca, que me faz refletir. Espero que novos textos, reflexões e devaneios sejam aqui publicadas com maior frequência a partir de agora. 
Reconheço que quando parei pra ler 'O Pequeno Príncipe' pela primeira vez, achei que tinha em minhas mãos um livro para crianças, como aquelas historias de contos de fada. Me surpreendi, pois não se trava de um livro apenas para crianças, mas para adolescentes, jovens, adultos, idosos... Principalmente para os "adultos"! Desta época até a presente data passaram-se alguns anos e percebo o quão atuais e verdadeiras são suas lições.
Cativar... realmente uma coisa esquecida atualmente, uma palavra que praticamente caiu em desuso. Nesses tempos em que o "ter" vale mais que "ser", temos nos empenhado em conquistar, obter, pela simples necessidade de "ter que ter". Esquecemos das pequenas conquistas, dos detalhes que cativam, que não somente criam laços, mas os tornam consistentes. Um olhar retribuído, um sorriso, o silêncio de uma escuta sincera, a preocupação despretensiosa, são as alegrias do "ter por ser".

"... Tu te tornas ETERNAMENTE RESPONSÁVEL por aquilo que cativas" uma consequência, um tanto quanto pesada, uma responsabilidade imputada àqueles que se dispõe a cativar e/ou se deixam cativar.
Como ser eternamente responsável, se não somos eternos? 
Mas a lição da raposa é proporcionalmente linda e simples, e nada pesada!
Vivendo sinceramente a experiência de cativar, o sentimento de responsabilidade para com o outro surge naturalmente, reflexo de um ato de amor, de um "querer bem", de uma atenção recíproca e o ETERNO, por sua vez, não se dá pelo tempo que ficamos próximos, mas pelo significado que atribuímos, pela verdade que expressamos e pela coragem de cativar continuamente.