domingo, 8 de fevereiro de 2015

De copo cheio e coração vazio...

Estava numa festa com amigos e dentre tantas músicas que tocavam ouvi uma cujo refrão diz: “... De copo sempre cheio e coração vazio, ‘tô’ me tornando um cara solitário e frio...”. Até então nada fora do comum. Uma música amplamente conhecida no cenário da música nacional, como tantas outras que haviam tocado e outas que viriam a tocar. Mas num posterior momento de observação pude notar o quanto aquela letra era cantada com propriedade pelas pessoas que ali estavam, inclusive por mim, talvez pelo grande sucesso que a referida música tem feito atualmente. Mas será que é só isso?

Analisando com um pouco mais de profundidade não é difícil concluir que em alguns aspectos esta música reflete a realidade de muitos que, de fato, encontram-se de “copo cheio e coração vazio”, mas não quero com isso reduzir tal reflexão a uma questão meramente afetivo-emocional, como sugere a canção, seria muito pouco diante do realmente podemos questionar.
Para início de conversa, através da metáfora do “copo cheio” fazer alusão a tudo o que toma nosso tempo, energia, emoção, atenção, tornando nosso “esvaziando nosso coração”. Agendas cheias, cabeças cheias, vidas cheias e porque não o copo cheio, literalmente?! Muitos problemas, compromissos, projetos, promessas, desilusões e expectativas acabam por tomar-nos de quem realmente somos. O barulho e tamanha movimentação de uma vida cheia são um ótimo esconderijo para quem foge do encontro consigo e daí torna-se comum encher-se de coisas a fim de protelar tal encontro. Ostentam-se rotinas agitadas, vidas sociais badaladas, luxo, baladas, currículos, influência, corpos esculturais e notoriedade, mas e o coração, como está? Esta é a questão! Quem é e como está a pessoa por detrás de tudo isso?
Em tempos de total exposição de nossas vidas através das diversas redes sociais, nas quais fazemos nada mais, nada menos que uma autopromoção de nossas personas, me questiono: Somos quem e o que ostentamos? Parafraseando Antonie de Sain-Exupéry, em O Pequeno Príncipe, que diz: “O essencial é invisível aos olhos”, levanto a questão: O que nos é essencial? O que determina, de fato, a essência do que somos? O que apresentamos: nossa verdade ou uma personagem de fácil aceitação geral?

Na condição de filhos de Deus somos, fomos criados à imagem e semelhança do Amor e para Ele vivemos, em Sua busca nos encontramos desde o momento em que nos entendemos por gente. Cada um buscando da sua forma, com o seu jeito, usando do livre-arbítrio a nós concedido para alcançar esta meta, o que me leva a conclusão de que nosso coração se preenche à medida em que nos aproximamos daqueles nos aproximam de nós, consequentemente nos aproximando de Deus. Em minha opinião a verdadeira ostentação é ter ao nosso lado, pessoas que nos aceitam, acolhem e amam por quem somos de fato, que marcam presença nas tempestades, quando o “copo” está quase transbordando, pessoas que mesmo diante de nossos defeitos, preenchem nossa vida e coração, aproximando-nos assim, de Deus. A verdadeira ostentação é ter ao nosso lado alguém que nos conduz a Deus.

3 comentários:

  1. Muito bom! Realmente o copo vazio não diz somente a bebida. Ótima reflexão. Q o copo se esvazie e a vida se encha do amor de Deus e de gente que a gente ama.

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  2. Arrasou cunhado! Amei o texto, as analogias! Me fez refletir sobre o que anda enchendo o meu copo... Obrigada por dividir conosco seus devaneios. Obrigada por me fazer entender que: eu ostento! Tenho riquezas que me conduzem ao céu. Obrigada por hoje ter sido motivo de ostentação, obrigada por me conduzir com tuas palavras pra mais perto dEle.

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  3. Gostei da sua percepção do copo cheio e coração vazio, ouvi a música, se me permite vou até usar, mas o fato é que, no caso da música, o cara pode encontrar a moça, casar com ela, ter filhos, mas no fundo a afirmação continua a mesma, assim como o coração. Porque a verdadeira ostentação é ter um relacionamento com Jesus Cristo, o único que nos conduz a Deus. Aí sim o coração estará cheio, ou melhor, cheio não, transbordando.

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