Embalado por esta canção
simples, contagiante e despretensiosamente profunda, à priori, estou a devanear mais uma vez.
Antes começar, gostaria de registrar o quanto fico impressionado como este blog se tornou um lugar que detém memórias de momentos diversos e receptáculo de minhas abstrações, muitas das quais só consigo atribuir sentido algum tempo depois.
Antes começar, gostaria de registrar o quanto fico impressionado como este blog se tornou um lugar que detém memórias de momentos diversos e receptáculo de minhas abstrações, muitas das quais só consigo atribuir sentido algum tempo depois.
A metáfora do coração
como centro de nossos sentimentos por vezes nos conduz à exigência de que ele
funcione num sincronismo perfeito, de forma compassada, como se assim fosse
teríamos mais êxito em nossas escolhas, nossos sentimentos seriam menos
confusos e consequentemente nos veríamos em menos situações desgastantes,
tristes ou coisa do tipo. Podemos passar toda a vida buscando e/ou esperando
que essa mágica aconteça, não assumindo os riscos de deixar nosso coração
pulsar verdadeiramente.
Se viver é arriscar,
nada mais comum que esse sentimento pulsante, que expulsa todo comodismo e
mornidão de nossas vidas. Demoramos a entender que o coração é a analogia da
vida, pois é nesse movimento sistólico-diastólico que ela acontece: entre a
intempérie e a bonança, os altos e baixos, alegrias e tristezas, escolhas e desistências,
vamos construindo nossa história, “bombeando” sentido aos nossos atos, atitudes
às nossas dúvidas e coragem aos nossos sentidos, renovando, por fim, esperança
em nós mesmos.
“Coração não é tão
simples quanto pensa.
Nele cabe o que não
cabe na despensa, cabe o meu amor, cabem três vidas inteiras, cabe uma penteadeira...”